quarta-feira, agosto 09, 2006

LISBOA SOUNDZ - 22 JULHO 2006

HOWIE GELB

Debaixo de um sol quente de fim de tarde, chego ao recinto a tempo de assistir a uma surpreendente actuação. Com uma expectativa nada especial, sobre o blues de Howe Gelb, deixei-me conquistar pelo à vontade e domínio com que conseguiu transpôr, com uma fina e ténue linha, o soundcheck para a performance. Entre piadas e interacção com o escasso público que teimava resistir ao sol, aquela figura alta e estereotipadamente americana, conseguiu em pouco tempo, puxar-me para dentro de um imaginário muito estilo ROUTE 66, ao volante de um Mustang branco, ora actuando em clubes crepusculares, vigiado por uma assistência omissa, entre as sombras à média luz e brumas provocadas pela excessiva concentração de fumo de cigarro, enquanto duas pedras de gelo se desfazem lentamente num copo de Bourbon. Com uma voz muito ao estilo da de Lou Reed , um estilo muito próprio e uma certeza que domina o palco, cuja presença esguia intimidande, como tive a oportunidade de confirmar, mais tarde, mesmo ao meu lado.

SHE WANTS REVENGE

Som depressivo mas em nada deprimente, o ritmo pulsa e encontra reflexo nos cantos obscuros da minha alma e transforma-se com uma atitude provocatória, num “teasing” muito bem conseguido, com um jogo de inatingível que perdura e faz perpectuar as sensações.
A actuação mais esperada da noite, deixou-me com um gosto de insatisfação. Terá sido pelo distanciamento, imposto pela estruturada coreografia com poses pensadas, expondo a sensualidade estática ao máximo? Exalando e explorando a ambiguidade sexual que cativa os dois públicos, um concerto brutal, que me deixou a desejar mais. SHE WANTS REVENGE são bons, muito bons, mas o timming apertado das actuações ou a fadiga sabotaram a explosão merecida. Senti-me como se circulasse em esferas diferentes, onde foi demasiado evidente a diferença entre o palco e o público. Faltou a interacção, razão pela qual um concerto na TV não é comparável a um concerto ao vivo.
Não me senti defraudada mas com vontade de voltar a tentar.I WANT REVENGE : come back so we can settle the score.
SHE WAS A BAD BAD GIRL AND HE TOLD HER SO

THE STROKES

O grande fecho com uma catadupa de sucessos, sob uma hipnose de luz e de cor. Uma descarga energética de pouco mais de uma hora, pela contaminação envolvente. Só quem lá esteve pôde sentir. Mas a verdade seja dita, em nada , mesmo nada comparável, à inesquecível e esgotante actuação de Franz Ferdinand no passado dia 7 de junho.É a desvantagem de se começar tão bem – o que vem a seguir, dificilmente irá satisfazer – queremos sempre mais e melhorFica a memória de uma injecção energética com um espirito rebelde controlado e bem disposto. Boa disposição garantida até ter um AVC (=STROKE).

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