quinta-feira, julho 13, 2006

Dead Combo In Dub


Desde o início do verão que todas as noites foram frias e totalmente desprovidas de qualquer espírito veraneado. Ontem foi diferente. Antes de sair de casa, muito perto das sete da tarde, a minha preocupação simultânea de encontrar uma camisola fresca para o final do dia e um casaco que me devolvesse o conforto mais para a noite, foi perfeitamente desnecessária: A noite manteve-se sempre quente e abafada. Aliás foi perfeita!
Depois de um jantar fugaz, onde tive a oportunidade de comer a tão "saudável" Junk food, 10 minutos depois da hora marcada do concerto, já estava no Beer Deck, no topo do edifício. Os espectadores distribuíram-se conforme iam chegando, deixando-se ficar em qualquer espaço livre que permitia uma melhor visão para o palco improvisado.


As guitarras lá estavam, e o contrabaixo que tanto adoro, todas dispostas lado a lado, fazendo lembrar instrumentos cirúrgicos preparados para a mais delicada das operações. E foi sempre assim durante a noite, sempre a trocar de instrumento, escolhendo sempre o mais adequado para aquela particular operação. Atrás dos músicos, a pilha dos estojos de guitarra, com um arranjo de flores no topo, dava, intencionalmente, o ar fúnebre. A cartola, os óculos escuros, e as indumentárias: Os Dead Combo.


No meio duma brisa quente e sensual que me fustigava os cabelos, A menina dança foi das primeiras interpretações que soou depois do seu anúncio com a voz cava do Tó trips. Foi a seguir, com Clint Eastwood e Eléctrica cadente que, de facto, me imaginei a cavalgar frenéticamente no meio do deserto de Atacama.
Ana (strawb) resgatou a minha imaginação para um estado mais anestésico, onde os meus músculos arrefeceram e eu me deixei derreter pela esplanada onde estávamos. Olhei para o céu, limpo, da noite imatura, e inalei cheiros interessantes que se misturaram com o perfume agradável que imanava de quem estava ali perto. A luz ténue proveniente de algumas mesas, dispostas para os jantares que ali decorriam, e o cheiro persistente do verão, ofereceu o melhor dos ambientes. Foi nessa altura que entrou O menino, o vento e o mar. O mar…! Ali tão perto. Imaginei-o a invadir o parque das nações de forma tão lenta quanto possível, enquanto as guitarras iam sussurrando palavras melodiosas que me obrigaram a manter-me naquele universo durante todo o concerto.


Em After peace, swim twice e Tejo Walking, Pedro Gonçalves tocou o contrabaixo. Na verdade foram estas as músicas que me trouxeram recordações fantásticas de um albúm que ainda hoje me arrepia: Dialogues, de Carlos Paredes em dueto com Charlie Haden.

Quando tudo acabou, só me lembro de pensar que era impossível uma noite mais perfeita do que aquela...

7 comentários:

Anónimo disse...

Claro que [a noite] podia ter sido mais perfeita... (se eu lá estivesse como é óbvio :P)

Tenho pena de perder estes momentos na tua companhia... nunca mais inventam umas máquinas de teleportação instantânea... Isso é que era ;)

Bjitos fofos para ti ******

Anónimo disse...

Sem dúvida, um concerto perfeito!... :)

Jacaré Voador disse...

Lamento muito desapontá-lo, caro amigo (enfim, para ser franco, não lamento tanto quanto isso), mas não seria a sua presença que iria tornar aquela noite ainda mais perfeita.

Acredite em mim quando lhe digo que aqueles que lá estavam foram mais que suficientes para tornar essa noite inesquecível.

A propósito, Matie, sei que já o disse antes, mas foi um prazer partilhar essa noite contigo. Como, de resto, é sempre. Obrigado por me teres dado essa honra. Beijos doces para ti.

Anónimo disse...

Sr. Jacaré Voador, lamento saber (ou talvez também não lamente assim tanto) que o meu comentário lhe tenha causado tamanho incómodo, não era certamente minha intenção provocar ciúmes em ninguém, nem atentar contar a sua auto-estima (que por sinal parece estar com bons níveis de confiança).

No entanto, gostaria de lhe pedir duas coisas: a primeira, que não me chamasse caro amigo, pois não sou caro e muito menos seu amigo; e a segunda, que não opinasse sobre a influência que a minha presença teria, ou não, na felicidade da nossa estimada amiga Matie, pois, além de não me conhecer, isso é algo sobre o qual apenas a própria poderá opinar.

Contudo, numa coisa vejo-me forçado a concordar consigo, de facto a companhia da amabilíssima Matie é deveras agradável e estimulante.


Cumprimentos respeitosos para si Sr. Jacaré. E beijos repenicados para a nossa ilustre donzela!

Jacaré Voador disse...

Meu caro amigo (espero que me perdoe por continuar a tratá-lo deste modo, mas pobre amigo não me soa nada bem e, ainda que você não queira ser meu amigo, não me pode impedir a mim de ser seu - pelo menos, até minha decisão em contrário):

Agradeço a sua preocupação, mas deixe-me sossegá-lo: o seu comentário não me causou o mínimo incómodo, provocou qualquer ciúme, ou atentou contra a minha auto-estima (que, de facto, está com excelentes níveis de confiança, é verdade).

Lamento se o meu comentário o ofendeu (e tenho pena que o tenha indisposto de tal modo que não queira ser meu amigo), mas creio ter sido mal interpretado. No fundo, e ironicamente, o meu intuito era tão somente chamar-lhe a atenção para que "não opinasse sobre a influência que a sua presença teria, ou não, na felicidade da nossa estimada amiga Matie" em termos de incremento de perfeição da referida noite - opinião por si professada no seu primeiro comentário -, pois, "isso é algo sobre o qual apenas a própria poderá opinar."

Em conclusão, folgo por ver esclarecido este mal-entendido, pois, aparentemente, o nosso móbil era o mesmo.

Cumprimentos respeitosos também para si Sr. fã do costume.

Anónimo disse...

De facto, tenho de admitir que também eu opinei sobre aquilo que critiquei em si sr. jacaré, no entanto, não posso deixar de realçar que o meu comentário possuía o smiley ":P" denotativo do carácter irónico da minha afirmação, cujo intuito era mais o de provocar a nossa admirável Matie, e não de pôr em causa a qualidade dos seus acompanhantes. Provavelmente o motivo do meu incómodo terá sido precisamente o facto de ter sido o sr. jacaré a comentar a minha pequena provocação, ao invés da nossa esbelta lisboeta.

Já agora duas pequenas correcções: a primeira, nem tudo na vida tem de ser dicotómico, pelo que o facto de não ser caro, não significa que seja pobre... também temos o meio termo; a segunda, eu nunca disse que não queria ser amigo do sr. jacaré, tal possibilidade continua em aberto, no entanto, não posso chamar amigo a alguém que não conheço, pois sou da opinião que a amizade é algo precioso e que se constroi ao longo do tempo, e não do dia para a noite, como certamente concordará comigo, como tal, não me sinto à vontade para empregar a palavra "amigo" em alguém que para mim é um completo estranho.

Esclarecidos os mal-entendidos, não vejo qualquer motivo para continuarmos este diálogo, pelo que gostaria, se me permite a ousadia, de terminar aqui esta saudável conversa.

Jacaré Voador disse...

O quê, você ainda está para aí a falar? Chiça, homem, largue o osso...